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vitamina D: o micronutriente essencial que vai além da saúde óssea

Foto do escritor: Tâmara RolimTâmara Rolim

Atualizado: 23 de out. de 2024

Você provavelmente já ouviu falar sobre a vitamina D como um componente vital para a saúde dos ossos. Mas o que talvez você não saiba é que os benefícios dessa vitamina vão muito além disso. Nos últimos anos, a ciência tem explorado mais profundamente as diversas funções da vitamina D no corpo, e os resultados indicam que ela pode desempenhar um papel fundamental na imunidade, no controle da inflamação e até na prevenção de várias doenças crônicas, como câncer, diabetes e doenças autoimunes.


Mas por que a vitamina D é tão importante e, ao mesmo tempo, tão negligenciada? Para entender isso, é necessário desvendar um pouco da sua natureza única e como nosso estilo de vida moderno está prejudicando sua produção natural.



O que é a Vitamina D?

A vitamina D é uma vitamina lipossolúvel, o que significa que é armazenada no tecido adiposo e no fígado. Diferente de outras vitaminas, ela funciona mais como um hormônio no corpo humano, interagindo com receptores localizados em várias células, incluindo aquelas no cérebro, coração, sistema imunológico e músculos. Esses receptores são responsáveis por "absorver" a vitamina D e direcioná-la para onde ela é necessária, desempenhando assim um papel vital na regulação de processos biológicos fundamentais.


Existem duas formas principais de vitamina D: a vitamina D2 (ergocalciferol), que é encontrada em fontes vegetais como cogumelos, e a vitamina D3 (colecalciferol), que é produzida na pele quando esta é exposta à luz solar, especialmente à radiação ultravioleta do tipo B (UVB). A vitamina D3 também pode ser obtida a partir de alimentos de origem animal, como peixes gordurosos, ovos e fígado bovino. Entre essas duas formas, a vitamina D3 é considerada mais eficaz para aumentar e manter os níveis adequados de vitamina D no organismo.


Fontes naturais de Vitamina D

Embora seja possível obter vitamina D por meio da alimentação, as fontes naturais dessa vitamina são limitadas. Entre os alimentos que mais se destacam estão:

  • Peixes gordurosos: Salmão, atum, cavala e peixe-espada são ricos em vitamina D3.

  • Óleo de fígado de bacalhau: Um dos suplementos mais antigos, esse óleo é altamente concentrado em vitamina D3.

  • Fígado bovino: Um alimento menos consumido atualmente, mas que fornece quantidades notáveis de vitamina D.

  • Gema de ovo: Embora em quantidades menores, a gema de ovo também é uma fonte natural de vitamina D.

  • Cogumelos: Quando expostos à luz UV, certos tipos de cogumelos, como os shiitakes, podem fornecer vitamina D2.

Muitos alimentos são também fortificados com vitamina D para ajudar a população a atingir suas necessidades diárias, incluindo leites, cereais e sucos de laranja. Esses produtos são essenciais, especialmente para pessoas que têm exposição limitada ao sol ou seguem dietas restritivas.


Exposição Solar: fator crucial na produção de Vitamina D

Apesar de algumas opções alimentares, a principal fonte de vitamina D para a maioria das pessoas é a exposição solar. Cerca de 90% da vitamina D necessária para o corpo é produzida quando a pele é exposta ao sol. A radiação UVB estimula uma reação química que converte o 7-desidrocolesterol, um composto presente na pele, em vitamina D3.


No entanto, a capacidade de sintetizar vitamina D depende de muitos fatores, incluindo:

  • Horário de exposição: A radiação UVB é mais intensa entre 10h e 15h.

  • Localização geográfica: Pessoas que vivem em latitudes mais elevadas (mais distantes do equador) produzem menos vitamina D no inverno.

  • Tom de pele: Pessoas com pele mais escura produzem vitamina D de maneira mais lenta, pois a melanina age como um filtro natural contra os raios UVB.

  • Uso de protetor solar: Enquanto o protetor solar é crucial para prevenir o câncer de pele, seu uso excessivo pode bloquear a síntese de vitamina D em até 90%.


A recomendação geral é que a exposição ao sol, sem protetor solar, por cerca de 10 a 30 minutos, duas a três vezes por semana, seja suficiente para manter níveis adequados de vitamina D. Porém, para aqueles que vivem em locais com pouca incidência solar ou que têm uma rotina predominantemente interna, a suplementação pode ser necessária.


Recomendações de Vitamina D

De acordo com o Institute of Medicine (IOM), a ingestão diária recomendada (RDA) de vitamina D para a maioria dos adultos (19-70 anos) é de 600 UI. Para pessoas com mais de 70 anos, o valor sobe para 800 UI, já que a capacidade de produção de vitamina D diminui com a idade. No entanto, muitos especialistas, incluindo a The Endocrine Society, sugerem que doses mais elevadas, entre 1.500 a 2.000 UI diárias, podem ser necessárias para garantir níveis ideais de vitamina D no sangue.


Em casos de suplementação, o limite superior tolerável (UL) é de 4.000 UI por dia para adultos e crianças acima de 9 anos. Exceder esse limite por longos períodos sem supervisão médica pode resultar em toxicidade, causando hipercalcemia (excesso de cálcio no sangue) e potencialmente levando a problemas renais e cardíacos.


Deficiência de Vitamina D: um problema global

A deficiência de vitamina D é uma realidade global e afeta mais de 1 bilhão de pessoas, segundo estimativas. No Brasil, um estudo realizado pela Universidade Federal do Pará mostrou que 59% dos participantes na Região Norte tinham níveis insuficientes de vitamina D. Entre as causas estão a exposição solar limitada, especialmente em áreas urbanas, o uso excessivo de protetor solar e a dieta pobre em alimentos ricos em vitamina D.


Os efeitos da deficiência são amplos e podem ser devastadores. Em crianças, a falta de vitamina D pode causar raquitismo, uma doença caracterizada pela fraqueza e deformidade dos ossos. Em adultos, a deficiência prolongada pode levar à osteomalácia, que enfraquece os ossos e causa dores. Além disso, a deficiência de vitamina D está associada a um risco aumentado de osteoporose, uma condição irreversível que enfraquece os ossos e os torna mais propensos a fraturas.



Obesidade é fator de risco para deficiência

A obesidade é amplamente reconhecida como um dos principais fatores de risco para a deficiência de vitamina D. Pessoas com excesso de peso tendem a apresentar níveis mais baixos dessa vitamina no sangue, e isso se deve a vários fatores fisiológicos. A vitamina D, por ser lipossolúvel, se acumula no tecido adiposo, tornando-se menos disponível para circulação no sangue. Como resultado, o corpo tem menos vitamina D ativa para usar, mesmo que a pessoa tenha quantidades significativas armazenadas.


Pesquisas indicam que pessoas obesas precisam de doses mais altas de vitamina D para atingir níveis adequados no sangue. Em estudos, pacientes obesos mostraram uma absorção menos eficiente da vitamina D quando comparados a pessoas com peso saudável, e níveis mais baixos de vitamina D têm sido observados em pacientes obesos, mesmo com exposição solar adequada ou suplementação.


Além disso, a obesidade está ligada a inflamações crônicas no corpo, o que pode afetar a conversão de vitamina D em sua forma ativa. Por isso, pessoas com obesidade muitas vezes necessitam de suplementação extra para manter níveis saudáveis de vitamina D. Ademais, se seus exames demonstram certo grau de inflamação, mesmo que não tenha obesidade ou sobrepeso é importante investigar possíveis deficiências também.


Vitamina D e desenvolvimento de resistência à insulina

Outro ponto importante é a relação entre baixos níveis de vitamina D e resistência à insulina, uma condição que frequentemente precede o desenvolvimento de diabetes tipo 2. A resistência à insulina ocorre quando as células do corpo não respondem adequadamente à insulina, resultando em níveis elevados de glicose no sangue. Pesquisas sugerem que a vitamina D desempenha um papel na regulação da sensibilidade à insulina.


Estudos observacionais indicam que indivíduos com baixos níveis de vitamina D têm maior probabilidade de desenvolver resistência à insulina e, consequentemente, diabetes tipo 2. Isso pode ocorrer porque a vitamina D influencia a função das células beta do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina, além de ter um efeito direto na sensibilidade das células à insulina.


Um estudo publicado no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism mostrou que a deficiência de vitamina D está associada a uma maior prevalência de resistência à insulina, e que a suplementação pode ajudar a melhorar a sensibilidade à insulina em pessoas deficientes. No entanto, os resultados dos estudos ainda são variados, e mais pesquisas são necessárias para entender completamente o mecanismo por trás dessa relação.


Garantir níveis adequados de vitamina D pode ser uma estratégia complementar importante para prevenir o desenvolvimento de resistência à insulina e, por consequência, o diabetes tipo 2, especialmente em populações de risco, como pessoas obesas e com histórico familiar da doença.


A Vitamina D na prevenção de Doenças Crônicas

Nos últimos anos, a vitamina D tem sido o foco de uma série de estudos que investigam seus efeitos preventivos em várias condições de saúde além da saúde óssea. Estudos observacionais indicam que níveis adequados de vitamina D podem reduzir o risco de doenças cardíacas, diabetes tipo 2, esclerose múltipla e até certos tipos de câncer.


  • Saúde Cardiovascular: Níveis baixos de vitamina D foram associados a um maior risco de pressão arterial elevada, insuficiência cardíaca e doenças cardíacas. Um estudo da Universidade de Ohio mostrou que a vitamina D3 pode ajudar a restaurar a função das células endoteliais, fundamentais para a saúde dos vasos sanguíneos.

  • Diabetes Tipo 2: A vitamina D desempenha um papel na regulação da insulina e pode ajudar a melhorar a sensibilidade à insulina, reduzindo o risco de diabetes tipo 2 em pessoas predispostas.

  • Doenças Autoimunes: Evidências sugerem que a vitamina D pode ajudar a regular a resposta imunológica e reduzir o risco de doenças autoimunes, como a esclerose múltipla e a artrite reumatoide.



Suplementação de Vitamina D: qual a melhor opção?

A suplementação de vitamina D pode ser feita tanto com vitamina D2 quanto com D3. No entanto, pesquisas indicam que a vitamina D3 (colecalciferol) é mais eficaz em aumentar e manter os níveis de vitamina D no sangue do que a vitamina D2 (ergocalciferol). A D3 é a forma que o corpo produz naturalmente quando exposto ao sol e, por isso, é preferida para a suplementação, especialmente para quem vive em áreas com baixa exposição solar ou segue dietas restritivas.


Dada a sua importância para a saúde geral, manter níveis adequados de vitamina D é essencial. Seja por meio da exposição solar, da alimentação ou de suplementos, garantir que o corpo tenha a quantidade necessária dessa vitamina pode prevenir uma série de problemas de saúde, desde fragilidade óssea até doenças crônicas mais graves. Se você tem dúvidas sobre seus níveis de vitamina D, consultar um profissional de saúde para fazer exames é o primeiro passo para garantir uma vida mais saudável e equilibrada. Precisa de apoio para melhorar seus hábitos? Entre em contato conosco para agendarmos uma consulta! Terei muito prazer em cuidar de você! Clique aqui para marcar a sua consulta!

 
 
 

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